Na sequência do meu post na rede social facebook, e do feedback que amavelmente os meus amigos ofereceram, gostaria de deixar aqui uma reflexão adicional sobre o episódio Pingo Doce em particular e sobre o Povo Português em geral.
Foram muitos os amigos que ficaram chocados com a apreciação negativa que fiz do Português enquanto povo e gostava por isso de dar aqui uma achega ao meu pensamento.
Em primeiro lugar permitam-me aqui uma metáfora desportiva - Existe no meu ver três formas de treinar um atleta:
- Identificar os seus pontos fortes e aproveitá-los na estratégia competitiva. Treinar estes pontos maximizando o seu potencial naquilo que o atleta mais gosta de fazer - Esta é uma estratégia muito do agrado do atleta pois passa a vida fazer o que gosta e, não digo que não, consegue muitas vezes bons resultados. O problema é que na maior parte das vezes quando os seus pontos menos fortes são solicitados, claudica, fraqueja, desmotiva-se...e fracassa.
- Identificar as suas limitações e trabalhar exaustivamente as mesmas tentando elevá-las ao nível dos seus pontos mais fortes - Esta é uma estratégia que permite elevar o atleta a um nível mais completo mas que com frequência leva a episódios de desmotivação ainda na fase do treino.
- A terceira e última é encontrar o equilibrio adequado entre o desenvolvimento das suas limitações e o potenciar das suas qualidades naturais. Isto, ao contrário do que possa parecer, não é fácil. Exige do treinador um planeamento cuidado, uma atenção felina a todos os pormenores e uma dedicação sem precedentes à evolução do atleta.
Fechada a metáfora, gostaria que percebessem que quando digo que enquanto povo somos uma nulidade estou apenas a identificar aquilo que nos limita enquanto sociedade, aquilo que nos inibe de avançar, o factor que nos faz andar para trás mesmo quando tudo aparenta estarmos a andar em frente.
Comentam alguns que não podemos ignorar casos de sucesso no povo lusitano, nas artes, nas ciências, na gestão etc etc. Certo...casos de sucesso existem. Acontece que não é isso que nos caracteriza enquanto povo. Termos um nobel da literatura, um cientista que avança na sua área, um cozinheiro com uma estrela michelin, um futebolista que é o melhor do mundo...isso não é o povo...isso são feitos notáveis, mas individuais.
Nós somos o povo que foge aos impostos, nós somos o povo que elege o Valentim porque oferece frigorificos, elege o Isaltino, o Jardim e a Fátima porque roubam mas só aos outros, elege o Coelho porque é um palhaço, defende a selecção de futebol mas vê impávido e sereno todo o desporto amador afundar-se...e somos o povo que não hesita em submeter-se a uma iniciativa humilhante para poupar uns trocos e é capaz de quase matar por um carrinho de supermercado.
Temos a atenuante de facto de não termos uma classe politica à altura, de não termos lideres que provoquem a mudança (treinadores competentes)..mas são os lideres que fazem o povo ou os bons lideres emergem de uma sociedade evoluida?...não sei. Sei que não é a tapar o sol com a peneira que vamos lá. Sei que o facto de o Mourinho ser o melhor treinador do mundo só muda uma coisa...a sua conta bancária. A nós enquanto povo não nos acrescenta nada!
Estou desanimado? Estou!
Acho que não há esperança? Não isso não!
Esperança tenho sempre...embora isso por si só não mude nada.
Obrigado amigos pelos vossos comentários.
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