quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O Dia Sem Pingo Doce

Ontem ao saber da notícia relativa à passagem da sede do grupo de Alexandre Soares dos Santos para a Holanda, manifestei o meu repúdio pela acção, no que fui seguido por milhares de facebookianos. Também constatei que outros tantos apoiaram a acção do dito senhor, tendo justificado o seu apoio por variadas razões.
Manifestei também a minha intenção de não voltar a por os pés num Pingo Doce e devo confessar que gostaria que esta minha atitude fosse seguida por todos os portugueses durante 24 horas…e porquê? Passo a explicar:
Nada me move contra o senhor Alexandre Soares dos Santos, nem contra o Pingo Doce, nem contra nenhum dos accionistas do grupo. Reconheço o direito às empresas de irem em busca do melhor “terreno” para lançar as suas sementes e promover melhores colheitas, passo a metáfora agrícola.
Não aceito o argumento dos defensores desta acção que dizem: vocês se pudessem faziam o mesmo! Este argumento está inquinado à partida desde logo devido ao tempo do verbo – condicional – “se pudessem”…a verdade é que nem toda a gente pode. Basta dar uma olhada no intricado organigrama do grupo para perceber que operações deste tipo movimentam uma equipa pluridisciplinar de consultoria fiscal, financeira e legal impossível de conseguir por qualquer empresa ou particular…ou seja só podem alguns, muito poucos, o que desde logo acarreta um profundo ónus de injustiça.
Mas o verdadeiro problema disto não é onde o senhor Alexandre põe o seu dinheiro. O problema desta acção, e por isso me insurjo com veemência é o sinal que este senhor, que noutros tempos se arvorou em bastião da ética e moralidade, está a dar a todos os seus concidadãos. O senhor Alexandre sabe bem que não é um cidadão qualquer. O senhor Alexandre sabe que tem uma exposição mediática e que as suas acções são vistas muito para além do óbvio. E se o óbvio é que a holding se instalou onde lhe davam melhores condições, a mensagem subliminar que o senhor Alexandre passou foi – Cada um por si – no preciso momento em que se pede que aceitemos todos os sacrifícios em prol de um bem maior. Neste momento já há Portugueses a conjecturar se o “bem maior” não será a conta bancária do senhor Alexandre.
Por isso é que eu gostaria que se fizesse o “Dia Sem Pingo Doce”…não para causar dano ao senhor Alexandre…mas para sentir que existimos enquanto povo…e para mostrar aos “Alexandres” que também sabemos enviar sinais…mas também não me iludo…somos o que somos…e por isso é que os Alexandres montam os negócios cá…na Holanda, na Suécia, na Dinamarca…os povos têm identidade, vontade e não aceitam tudo.

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