sábado, 12 de novembro de 2011

A Democracia Suspensa


Aqui há tempos, quando Manuela Ferreira Leite afirmou, sob capa da ironia, aquilo que toda a gente sabe mas não diz, caiu o Carmo e a trindade. De facto está a anos luz do politicamente correcto dizer que se calhar o melhor era suspender a democracia por 6 meses.


A Manuela sempre foi na minha opinião uma das políticas mais injustiçadas cá do burgo. A turba de comentadores, gentinha que ganha rios de dinheiro para dizer com piada ou diplomacia aquilo que qualquer taxista deita cá para fora numa viagem de meia dúzia de kms, indignou-se e zurziu da pobre senhora, que nem pelo facto de pertencer ao sexo feminino beneficiou de qualquer tipo de cavalheirismo.


Hoje assistimos ao triste espectáculo de um líder da oposição, a quem ainda ninguém  explicou que também foi eleito, e também tem deveres, se abster na votação de um orçamento com o qual não concorda… e isto não é democracia suspensa?


Hoje assistimos ao triste espectáculo de governos democraticamente eleitos (independentemente de serem ou não competentes) serem substituídos por outros cuja legitimidade não é conferida pelo voto…e isto não é democracia suspensa?


Hoje assistimos ao triste espectáculo da banca a querer ditar as condições através da qual terá acesso aos fundos disponibilizados para a sua recapitalização; e este é uma sequela do triste espectáculo que foi ver o 1º ministro de um país soberano só aceitar pedir auxilio financeiro quando a isso foi pressionado pelos banqueiros…e isto não é democracia suspensa?


Pois amigos, a democracia está de facto suspensa e eu preferia que não me enganassem e chamassem os bois pelos nomes.


 Porque a democracia só será efectiva quando me for conferida a possibilidade de votar, ou não, na senhora Merkel.


Porque a democracia só será efectiva quando os actores que nela participam perceberem o verdadeiro conceito da representação popular e não andarem a jogar jogos de poder.


Porque a democracia só será efectiva quando o mundo da finança deixar de ter preponderância sobre o poder político…ou então dão-nos a todos acções dos bancos para que pelo menos possamos transformar as suas assembleias gerais em convívios populares e libertadores de stress como são por exemplo as assembleias do Sporting ou do Benfica, onde pouco se resolve mas sempre podemos chamar uns nomes e “afiambrar uns caldos” a quem anda a brincar connosco.


Enfim…a democracia está de facto suspensa, mas aparentemente desta vez ninguém se importa.

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