É transversal às democracias modernas, ou se quiserem, ao jogo democrático, a existência de pseudo-independentes que, escudados numa capa de competência técnica, vão servindo como linha da frente no combate de ideias e na defesa dos ideais de quem está no poder.
Uma das personagens mais na moda nesta função é o professor João Duque. Sim…esse mesmo…o ser iluminado que defende que o Paulo Portas deveria ser director de informação da RTP-i.
Não…não vou bater mais no ceguinho, não é a RTP que me levou a este post.
Este post deve-se ao enternecedor artigo de opinião que saiu este fim de semana no Expresso – O lenço e o joelho…assim se chamava o artigo e podem ler em http://aeiou.expresso.pt/joao-duque=s24937
A imagem metafórica da carinhosa mãe, que não querendo causar dor, acaba por provocar mais sofrimento, por contraponto ao pai, que sem dó nem piedade arranca o lenço do joelho , pode de facto arrancar alguns sorrisos paternalistas aos leitores da publicação…mas só aqueles que não sentem a “ferida” na pele. Quem no dia a dia é testemunha do drama vivido por particulares e empresas, muitos dos quais com culpa zero no estado caótico em que nos encontramos, fica com muito pouca vontade de rir.
Talvez alguém devesse explicar ao Professor João que se encharcasse a ferida e o lenço em Betadine (passo a publicidade), a crosta amolecia e o lenço soltava sem dor. Talvez alguém devesse explicar ao Professor João que entre o Preto e o Branco existe uma infinidade cromática que convém utilizar. Talvez alguém devesse explicar ao Professor João que se não é suposto existir flexibilidade e capacidade de análise das situações em concreto, então se calhar o melhor era pôr uma máquina a tomar decisões.
Mas como o Professor João gosta de metáforas, eu respondo com outra…ou se quiser, com um final alternativo para a sua.
Imagine o pequeno Joãozinho, com a feridinha no joelho e o ternurento lencinho a cobrir. Imagine a mamã, com o seu amor infinito que lhe provoca guinchos de dor a cada investida. Imagine o papá, forte e decidido que se aproxima a passo firme para lhe por fim à agonia. O papá agarra o lenço com firmeza e diz “cerra os dentes Joãozinho…vai doer mas é para o teu bem”. E o papá dá um forte puxão e arranca-lhe a rótula…o Joãozinho agora está coxo para a vida…e agora? Inacreditável não? Horrível não é? Bem vindo ao meu mundo!
Agora vá Professor João…vá escrever a sequela da sua historieta. Conte daquela vez que encravou uma unha e o seu médico de família (acho que se chamava Gaspar) lhe amputou o pé não fosse a coisa infectar. Você é um fartote de rir Professor João…e ainda por cima pagam-lhe!
